Imprensa
Revista Época
Com a Boca Fechada
(Letícia Colombini)
Consultoria: Maria Aparecida Araújo
Dicas para evitar as gafes. Ou ao menos para consertar
o estrago depois de uma mancada.
Ninguém está a salvo de cometer uma ou
outra gafe de vez em quando. O problema é quando
as pessoas, traídas, sobretudo pela tendência
de falar demais, e de forma irrefletida, tornam-se reféns
da própria língua solta. Algumas mancadas,
com o tempo, podem se transformar em histórias
pitorescas e engraçadas, dignas de ser registradas
para a posteridade. Mas, no momento em que ocorrem, geram
constrangimento, ofendem ou ferem os sentimentos alheios
e podem arruinar negócios, relacionamentos e até mesmo
amizades.
A boa notícia é que, apesar de não
ser possível voltar no tempo ou engolir as palavras,
os psicólogos já conhecem maneiras de evitar
futuras saias-justas. Também há dicas para
se recompor e conviver com o mal-estar e o arrependimento
provenientes de alguns furos.
Como Evitar:
Regras básicas para não cometer gafes
· Falar menos e pensar mais – É o
passo mais importante. "Ao contrário dos
animais, que agem por instinto, é esperado que
o ser humano pense, processe o que quer dizer e, só então,
diga", explica
Maria Aparecida Araújo, consultora
de Comportamento Profissional e Etiqueta Social.
· Evite os rótulos fáceis – Durante
uma conversa, é preciso ter cuidado com generalizações,
o que inclui fazer piadas de português ou falar
mal de advogados, por exemplo. A chance de ofender algum
interlocutor – ou um parente dele – é enorme.
· Não tente presumir algo sobre alguém – A
clássica gafe da mulher que, diante da barriguinha
da vizinha, pergunta quando vai nascer o bebê,
ou se é menino ou menina – somente para
descobrir que ela não está grávida,
apenas meio gordinha.
· Fugir dos assuntos controversos – Aqueles
temas que podem facilmente exaltar os ânimos são
encrenca na certa. A não ser que você esteja
cercado de pessoas que compartilham de suas opiniões,
fuja a todo custo de temas como aborto, pena de morte,
reforma agrária e afim.
· Cuidado com perguntas invasivas – No
lugar de "quanto você ganha?", "quantos
anos tem?", ou "é sua filha?", é melhor
optar por comentários abertos e elogiosos (respectivamente: "é uma
profissão interessante, né?", "seu
vestido é fantástico" e "que
menina linda").
· Nada de ser taxativo – Ser imperativo
nas colocações está fora de questão.
Dizer que é 'to-tal-men-te contra', que 'ama'
ou 'odeia' alguma coisa, digamos, coloca o outro contra
a parede, não deixando brecha para que ele se
posicione ou saia pela tangente.
Como Remediar:
· O que fazer depois de cometer o ato falho – Desculpar-se.
De preferência, na hora. 'A atitude dá a
entender que, além de assumir seu erro, você respeita
os sentimentos do outro', diz Maria Aparecida. Mas, se
a gafe for devastadora, é melhor mudar de assunto
ou sair de fininho.
· Compartilhar o erro – "Dividir com
um amigo seu constrangimento pode fazer com que o problema
ganhe uma nova perspectiva", diz o psicólogo
Waldir Bíscaro. "O outro pode relatar as
próprias mancadas, eventualmente bem piores que
as suas, o que servirá para lembrar que todos
nós erramos".
· Anotar – Uma recomendação é passar
os incidentes do gênero para o papel. Assim, fica
mais fácil identificar eventuais semelhanças
entre eles. Você pode acabar se dando conta, por
exemplo, de que seus deslizes verbais acontecem durante
situações desconfortáveis, formais
demais, ou com gente que acaba de conhecer. E aprender
a evitar o próximo.