Imprensa
Revista Encontro
TRABALHO
(Márcia Queiros)
Consultoria: Maria Aparecida Araújo
Etiqueta Empresarial
O saber se comportar e a aparência são
questões cada vez mais exigidas para o executivo
moderno.
Ele chegou com uma hora de atraso ao almoço
de negócios, na pressa deixou de fazer a barba,
foi deselegante com uma funcionária, subiu
pelo elevador falando ao celular e deu boas tragadas
onde se lia "é proibido fumar".
Detalhe: é formado em Administração,
Economia, fala três línguas e tem MBA.
Apesar do currículo, seu negócio foi
por água abaixo após a reunião.
Comportamentos como o do jovem executivo em compromissos
de trabalho, que, para alguns, podem significar um
mero jeito de ser, seja por displicência ou
desvalorização de delicadezas, impossibilitam
uma carreira promissora. Antes restritas ao mundo
social, as boas maneiras, hoje, são ferramentas
essenciais à vida profissional.
Prova disso é a grande procura pelos cursos
de etiqueta empresarial, que atraem não só empresários,
mas executivos, políticos, profissionais liberais
e da área de vendas, gerentes, secretárias,
administradores, aspirantes à carreira diplomática
e pessoas em busca de recolocação no
mercado. Parceira da Fundação Getúlio
Vargas (FGV), a empresa
Etiqueta Empresarial
Executive Manners Consulting, com atuação
no eixo Rio/São Paulo, programa para este
mês
(maio) um curso e uma palestra para ensinar bons
modos a profissionais mineiros. O primeiro trabalho
da empresa no Estado aconteceu no Hotel Ouro Minas,
em maio de 2002, onde 300 pessoas assistiram ao curso
de Etiqueta Empresarial, definida como o conjunto
de normas que regem o comportamento no mundo dos
negócios.
Há 20 anos treinando profissionais, a professora
Maria Aparecida Araújo diz
que pontualidade, aparência bem cuidada e saber
portar-se bem à mesa,
além de ser elegante ao telefone, são
atitudes imprescindíveis. Nas aulas, ela ensina
desde formas corretas de cumprimento, apresentação,
vestuário e comportamento, sem contar orientações
sobre como usufruir de recursos eletrônicos,
como telefone, videoconferência e e-mail. "O
treinamento também faz com que as pessoas
aprimorem a comunicação, aprendendo
a ouvir e falar na hora certa e com a entonação
adequada", cita o economista
Cláudio
Pelizari, diretor da Etiqueta Empresarial
Executive Manners Consulting.
Quem faz o curso aprende ainda a criticar com resultados
positivos, transformar reclamações
em vendas e lidar com colegas e clientes de temperamento
difícil, apresentar idéias e projetos
com eficiência, conduzir reuniões e,
até mesmo, contornar situações
mais graves como o assédio sexual. E em tempos
de globalização, os empresários
recebem conhecimentos para transitar com desenvoltura
em qualquer parte do mundo, respeitando as diferenças
culturais.
Mas por que as regras de boa conduta, antes ensinadas
na infância pelos pais ou nos colégios
freqüentados por filhos de famílias tradicionais,
chegam hoje a um curso voltado para adultos, muitos
já até pós-graduados? Para Cláudio
Pelizari, as causas estão na migração
das mulheres do papel de educadoras integrais dos
filhos para o trabalho fora de casa.
"Desde que as mulheres foram obrigadas a deixar
seus lares para buscar posições no
mercado de trabalho, a educação chamada
de berço passou a ser delegada a outras pessoas,
trazendo como conseqüência a falta quase
total de conhecimento das regras mais básicas
de boas maneiras e polidez. As escolas também
substituíram as aulas dessa disciplina, muito
valorizadas no Brasil até a década
de 60, por conteúdos que julgavam mais importantes",
acredita o economista.
Cláudio e Maria Aparecida contam que muitos
profissionais, após deixarem as universidades,
chegam ao mundo corporativo e percebem que essas
competências fazem falta. "Os erros se
tornam visíveis na aparência pessoal,
nos gestos, na entonação e no palavreado,
passando depois para os modos, apertos de mão,
troca de cartões de visita, conduta em elevadores
e restaurantes e uso do telefone e do celular",
diz o consultor, lembrando que as pessoas nem se
dão conta das gafes que cometem, prejudicando
sua carreira e arranhando a imagem das empresas onde
trabalham.
Cláudio Pelizari relata que há grande
procura de profissionais mineiros pelo curso. Na
visão dos dois especialistas, os mineiros
em geral tratam com mais cuidado o quesito aparência.
Muitos os procuram com dúvidas quanto à maneira
correta de se vestir e se comportar. "Valorizam
também o ato de receber pessoas em casa, decoração
de ambientes profissionais e domésticos e
boas maneiras à mesa", destaca Cláudio,
cuja empresa conta também com dinâmicas
de grupo, atividades de psicomotricidade laboral
e oficina de memória.
Dicas de Etiqueta Empresarial
Ser bem-educado exige algumas atitudes fundamentais.
Esmerar-se nas boas maneiras quando tiver que:
· Expressar-se verbalmente: jamais fale
palavrões.
· Escrever cartas, cartões, memorandos
ou bilhetes: dê sempre um cunho elegante e
positivo nos textos.
· Manter amizades: lembre-se de sempre de ser
gentil com os amigos e familiares nas datas importantes.
· Respeitar os ausentes: pessoas elegantes não
perdem seu tempo com fofocas e comentários
sobre a vida alheia.
· Tratar com pessoas socialmente carentes: não
desconsiderar os menos favorecidos, tratar a todos
com respeito independentemente da hierarquia.
· Conduzir os negócios conservando a ética
e a honestidade em suas relações com
clientes, empregados fornecedores.
· Dirigir e estacionar o carro: quem é grosseiro
no trânsito, certamente será grosseiro
em outras situações.
· Ceder espontaneamente o seu lugar para idosos,
gestantes ou deficientes físicos.
· Cumprimentar e agradecer os profissionais
que o transportaram.
· Entrar ou sair do táxi:
cumprimentando o motorista ao embarcar, agradecendo
ao sair e não
fazendo questão de trocos irrisórios.
· No elevador: sabendo que
em seu interior não
se fuma, não se conversa nem se fala ao celular.
Fundamental é cumprimentar o ascensorista
ao entrar e agradecer ao sair.
Ser bem-educado é:
· Adotar práticas corretas de conduta
e caráter.
· Cuidar da linguagem corporal,
dos gestos, da expressão facial, da postura
quando em pé ou sentado.
· Saber sentar,
levantar-se, comer, apresentar corretamente as
pessoas, usar cartões de visita,
cumprimentar, presentear e ser presenteado, pedir
licença, agradecer, dizer não, criticar
sem ofender, ser pontual, conversar de forma agradável,
ser um bom ouvinte e, principalmente, ter autocrítica
e perceber quando deve desculpar-se.